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Você engravida e… Descobre que existem tantos tipos de parto do que pensava. Quer saber a diferença entre eles e por que há tantos tipos de parto? Venha ler que eu te conto!

grávida plano de parto

Parece que falar em “normal ou cesárea” ficou no passado. Engravidamos e começamos a ouvir sobre tantos tipos de parto que até começamos a nos perguntar se é possível esse bebê sair de mais algum lado que não as vias que já conhecemos… Vias. Essa é a palavra que faz toda a diferença!

Vias de parto

Independente de ouvirmos sobre 80 ou 8 tipos de parto, as vias de parto continuam duas: ou o bebê nasce através de uma cirurgia na região do abdômen (cesárea) ou nasce pela via vaginal. Ou seja, vias de parto não são a mesma coisa que tipos de parto.

Assim, já começa a ficar um pouco mais compreensível porque existem tantos “tipos de parto”, certo? É porque os tipos de parto não são sobre por onde o bebê nasce, mas sim sobre como e onde o bebê nasce. É mais sobre a assistência, a recepção, os cuidados, o entorno e esse tipo de detalhes acerca do parto que estamos falando quando ler a expressão “tipos de parto”.

Quais são os tipos de parto?

O mais comum é se referirem a 8 tipos de parto (embora alguns falem de 9 tipos de parto, incluindo o parto de cócoras, que eu considero apenas uma posição):

Cesárea ou Cesariana

Parto cesárea ou cesariana é a via de parto cirúrgica, recomendada quando há uma contraindicação ao parto por via vaginal (por exemplo: bebê em posição transversa, placenta prévia ou diabetes gestacional).


A cesárea é considerada uma cirurgia de grande porte, pois consiste em um corte de aproximadamente 10 a 12 centímetros nas sete camadas de pele para poder retirar o bebê do útero manualmente. Por isso, é muito importante seguir todos os cuidados com atenção após passar por uma cesariana.

A cesariana pode ser previamente agendada, mas não é necessário. Inclusive, mesmo em casos de indicação real de cesárea, a recomendação é aguardar a mãe entrar em trabalho de parto, para que o bebê possa passar pelas contrações que ajudam a expelir o líquido nos pulmões.

As fases do parto cesárea são: internação, anestesia, corte e sutura das camadas.

Parto Normal

Popularmente, chama-se “parto normal” o parto por via vaginal, independente de onde ou como aconteça. Ou seja, “parto normal” engloba todos os tipos de parto com exceção da cesariana: parto natural, parto na água, parto Lèboyer, parto de lótus, parto de cócoras, etc.


O que muda de um tipo de parto normal para outro é a assistência à parturiente e ao bebê, vamos ver isso melhor nos próximos itens.


As
fases do parto normal são: pré-parto ou fase latente (leia aqui sobre pródromos), trabalho de parto, parto e pós-parto. A recuperação tende a ser mais rápida que o parto cesárea e, em geral, os riscos são menores.

Parto Natural

O parto natural é o parto por via vaginal que acontece espontaneamente e sem intervenções médicas (como ruptura artificial de bolsa, indução do parto, episiotomia ou toque) e sem medicamentosas (como analgesia, anestesia ou ocitocina sintética).

Entretanto, outras técnicas naturais podem ser utilizadas para influenciar o ritmo do trabalho de parto e para ajudar no alívio da dor. Como o escalda-pés ou chá de canela, para estimular o desencadear das contrações (especialmente para gestações acima das 41 semanas) ou massagens, compressas e a técnica do rebozo para ajudar a passar pelas contrações.

Sendo um tipo de parto normal, as fases são as mesmas. A recuperação tende a ser mais rápida e as vantagens para mãe e bebê são maiores relativamente à cesárea.

Parto Humanizado

O parto humanizado assenta em três pilares: protagonismo da mulher (incluindo acesso à informação de qualidade e consentimento informado), assistência respeitosa e evidências científicas atualizadas.


Dito isso, o parto humanizado não deveria ser um “tipo de parto”, mas sim o padrão.


Entretanto, o conceito de “parto humanizado” surge como reivindicação em oposição aquilo que se chama “parto normal” que acontecia nos hospitais, visto que muitas vezes envolvia uma série de
violências obstétricas contra a mulher, passando por cima de qualquer noção de consentimento, informação, respeito e evidência científica.

Assim, o parto humanizado segue as últimas evidências científicas e, por isso, por de ser em casa, no hospital ou na casa de parto; pode incluir intervenções médicas, desde que sejam indicações reais que beneficiem mãe e bebê; e pode não ter qualquer intervenção. O que vale é o respeito à escolha informada da mulher e o embasamento científico para as decisões e procedimentos.

Parto Domiciliar

Parto domiciliar é o parto por via vaginal que acontece em casa. Só pode ser parto normal e natural, uma vez que cesarianas devem ser necessariamente realizadas em centros cirúrgicos e intervenções médias (como anestesias ou aplicação de soro e ocitocina) só podem acontecer no hospital.


Os partos domiciliares são assistidos não por médicos e médicas obstetras, mas sim por enfermeiras obstetras, geralmente acompanhadas de outros profissionais (como enfermeiras neonatais, fisioterapeutas, doulas e/ou pediatras). A configuração da equipe pode variar bastante, normalmente compostas de 2 a 5 profissionais.

Temos um artigo que explica tudo sobre esse tipo de parto, pode ler aqui: O que é Parto Domiciliar? e também temos um sobre os preços praticados para ter um parto domiciliar no Brasil, veja aqui: Quanto custa um parto domiciliar?

Parto Leboyer

Frédérik Leboyer foi um médico obstetra francês, o mesmo que documentou e trouxe a arte da Shantala, técnica indiana de massagem em bebês, para o Ocidente. Leboyer escreveu sobre a necessidade do parto sem violência e, principalmente, sobre ver o parto da perspectiva do bebê.

O que é ver o parto da perspectiva do bebê?

Leboyer lembra que o bebê, ainda no útero, está num ambiente escuro, acolhedor, protegido, em contato direto com a carne da mãe. Nós tendemos a pensar o bebê apenas como um ser que chuta enquanto na barriga e que vive depois que de lá sai, mas não lembramos que o bebê já está vivo e consciente quando passa pelo parto (pelo menos o parto a termo).


Portanto, Leboyer nos lembra disso para ressaltar que o bebê experiencia o parto, literalmente, com todos os seus sentidos.

Tendo isso em conta, Leboyer propõe um parto com pouca luz e em ambiente silencioso, para que o bebê tenha uma transição suave do útero para o “mundo aqui fora”. O cordão umbilical deve ser cortado apenas depois que parar de pulsar e o bebê deve ser imediatamente entregue ao colo da mãe, sempre que possível, ou do pai. O toque, o cheiro, o ouvir e sentir são todos levados em conta nessa transição.

Parto na Água

Parto na água é um parto por via vaginal realizado dentro da água, idealmente realizado numa banheira ou piscina de plástico (uma vez que é indicado que a água esteja aquecida, entre 36º a 37º C). Entretanto, existem muitos casos de mulheres que optaram por ter o parto num rio ou lago.


A principal vantagem do parto na água é, sem dúvidas, o alívio da dor e o relaxamento físico e emocional que o ambiente pode proporcionar à parturiente (o que acaba por impactar positivamente o andamento do parto). Apesar de parecer uma tendência nova e moderna, o parto na água na verdade é muito antigo. A diferença é que hoje existem condições e conhecimentos científicos para realizá-lo com mais segurança para mãe e bebê.

O parto na água pode ser feito em casa da parturiente ou na casa de parto. Também tem se tornado cada vez mais comum que as maternidades nos hospitais brasileiros ofereçam suítes com banheiras para as gestantes que desejam ter um parto na água. Entretanto, esse tipo de parto é indicado apenas para gravidezes de baixo risco.

Parto de Lótus

O parto de lótus não é exatamente um parto, visto que o ponto principal aqui é o bebê. Dito isto, o parto de lótus é um parto por via vaginal que recusa qualquer intervenção externa não só no momento do parto, mas depois do parto também. Ou seja, a placenta deve-se esperar que a placenta seja expelida natural e espontaneamente pelo corpo…


E, o ponto-chave, não se deve cortar o cordão umbilical do bebê, aguardando que este desidrate e caia sozinho.


Geralmente, aquelas que optam por um “parto de lótus” mantém a placenta ligada ao bebê já nascido, através do cordão umbilical, e colocam-na em uma cesta ou pote, onde mantém a placenta “cuidada” com sais e plantas para evitar o mau cheiro e apodrecimento. Alguns bebês ficam de 4 a 6 dias ligados à placenta, até que o cordão caia.


Contudo,
não existem evidências científicas que comprovem os benefícios dessa prática e existem riscos associados à infecção e desenvolvimento de sepse para o bebê, caso o material orgânico contraia alguma bactéria e transmita isso para o recém-nascido.

Qual a diferença entre parto normal e natural?

Parto normal é qualquer parto que aconteça por via vaginal, podendo ter intervenções médicas ou uso de medicamentos. Parto natural é o parto que acontece por via vaginal sem intervenção médica (como episiotomias ou fórceps) ou medicamentosa (como anestesia e ocitocina). Entretanto, pode incluir técnicas naturais de alívio da dor.

Qual a diferença entre parto natural e parto humanizado?

A diferença está no atendimento. O parto natural é um parto sem intervenções, mas pode na mesma acontecer episódios de desrespeito à autonomia da parturiente (como manipulação psicológica, assédio moral, chantagem, etc.). O parto humanizado é um parto que respeita a autonomia e protagonismo da mulher e se baseia em evidências científicas.


Portanto, pode haver intervenções médicas e medicamentosas no parto humanizado, desde que seja uma
escolha informada da mulher e que o procedimento seja o mais indicado à luz da ciência para aquela situação.

É possível ter parto normal depois da cesárea?

Sim, é completamente possível ter parto normal depois de uma cesárea. Ter uma cesárea anterior não é um fator de risco nem constitui, por si só, uma indicação real de cesárea, segundo a Fiocruz. Normalmente chamado de VBAC (sigla do inglês: Vaginal Birth After Cesarean ou Parto Vaginal Após Cesárea), o único requisito é que as condições sejam propícias.

Geralmente, usa-se do argumento da possibilidade de rotura uterina para induzir mulheres que já tiveram uma cesárea a não optarem por um parto normal.


Contudo, a probabilidade de acontecer uma rotura no útero a uma mulher que já teve uma cesárea anterior é de o,5% a 1% e, como sinaliza a Fiocruz, isso não é algo que acontece de uma hora para outra. Os sinais podem ser percebidos durante o trabalho de parto, o que permite e exige intervenção da equipe médica antes que aconteça.


Sugerimos a leitura do artigo da Fiocruz sobre Parto Normal Após Cesárea, que você pode ler
clicando aqui.

O tipo de parto interfere na amamentação?

Sim, o tipo de parto pode influenciar a amamentação. As pesquisas mostram que a amamentação na primeira hora de vida é mais comum entre mulheres que tiveram parto normal (64%) do que entre as que tiveram cesárea (36%). E faz sentido: após um corte no abdômen, amamentar pode exigir uma logística difícil e desconfortável para a mãe.

 

Além da questão física do corte e recuperação, os hormônios também têm um papel importante. O parto normal libera uma carga de hormônios, chamados de “coquetel do amor”, que estimulam a produção de leite e facilitam a amamentação. Isso não quer dizer que mulheres que tiveram cesárea não conseguirão amamentar, mas sim que podem precisar de um pouco mais de paciência, estímulo e apoio nesse processo, podendo recorrer, se necessário, à ajuda de uma Consultora de Aleitamento Materno.

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