No Brasil, estima-se que até 8% das crianças com menos de 2 anos tem algum tipo de alergia alimentar, sendo a alergia ao leite uma das mais comuns e que tem acontecido com mais frequência que antes, segundo estudos e especialistas. Mas o que é a APLV?
O que é APLV?
APLV é a sigla para “Alergia à Proteína do Leite de Vaca”. Quando o bebê é APLV, o seu sistema imunológico, que combate infecções, reage excessivamente às proteínas encontradas no leite de vaca.
Isto é, sempre que a criança toma leite, o corpo entende que essas proteínas são invasoras nocivas e faz de tudo para as combater. Isso provoca uma reação alérgica na qual o corpo do bebê libera substâncias químicas, como a histamina.
Só bebês desenvolvem alergia ao leite?
Não. A alergia ao leite pode se desenvolver em pessoas de qualquer idade, mas é mais comum em crianças pequenas. Muitas crianças acabam por desenvolver resistência à proteína e superam a condição alérgica, mas algumas continuarão com APLV.
Como saber se meu bebê é APLV?
A maioria das fórmulas/leite artificiais para bebês contém leite de vaca. Por isso, os bebês APLV geralmente apresentam os primeiros sintomas poucos dias (ou semanas) depois de receberem a primeira fórmula à base de leite de vaca. Bebês em aleitamento exclusivo têm um risco mais baixo de apresentar alergia ao leite do que os bebês alimentados com fórmula, embora também possa acontecer.
Sintomas de APLV: sinais da reação alérgica ao leite
Em crianças que apresentam sintomas pouco depois de terem leite, uma reação alérgica pode causar:
- chiado ou sibilação (ruídos que parecem assobios, semelhantes à asma)
- dificuldade em respirar
- tosse seca
- rouquidão
- rinite
- prisão de ventre
- vômitos em forma de jato
- diarreia
- vermelhidão e coceira
- olhos lacrimejantes ou inchados
- inchaço sob a pele
- queda na pressão sanguínea que pode causar vertigem ou perda de consciência
A gravidade das reações alérgicas ao leite pode variar de criança para criança. Aliás, a mesma criança pode ter reações diferentes a cada exposição à proteína do leite de vaca. Isso significa que mesmo que uma das reações fosse ligeira, uma segunda reação poderia ser muito mais grave e até oferecer risco de vida.
Como prevenir que o bebê tenha alergia ao leite de vaca?
A melhor forma de ajudar a prevenir que seu bebê desenvolva APLV é manter o bebê em aleitamento exclusivo durante os seis primeiros meses de vida, como recomenda a Organização Mundial de Saúde, e fazer a introdução alimentar após esse período, gradualmente.
O que fazer se meu bebê tiver alergia à proteína do leite de vaca?
Se o seu bebê apresentou sintomas após ingerir leite de vaca, o ideal é, antes de qualquer coisa, procurar ajuda de um pediatra para realizar os testes e diagnóstico. O pediatra poderá dar as indicações corretas, especialmente na dieta alimentar.
Se for comprovada a APLV, é recomendado ter sempre em casa pelo menos dois autoinjetores de epinefrina (adrenalina injetável) em caso de reação grave (chamada anafilaxia). A epinefrina injetável é um medicamento que vem num recipiente do tamanho de uma caneta grande. A prescrição deve ser feita pelo médico, que também poderá mostrar-lhe como utilizar a medicação, caso seja necessário.
Qual a diferença entre APLV e Intolerância à Lactose?
Embora semelhantes, alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e intolerância à lactose não são a mesma coisa. A APLV tem a ver com a maneira como o corpo reage à presença da proteína no organismo, tratando como um invasor nocivo e se esforçando para combatê-la. Já a intolerância à lactose é uma dificuldade do sistema digestivo em digerir a lactose.
A alergia ao leite normalmente aparece cedo, ainda bebê; enquanto a intolerância à lactose é mais comum, leva mais tempo para se desenvolver e pode acontecer em qualquer momento da vida. A intolerância à lactose pode ser genética ou pode ser provocada por um dano ao intestino causado por infecção viral ou bacteriana.
Se não sabe se seu bebê é APLV ou intolerante à lactose, o médico pode ajudar no diagnóstico.
- Na alergia ao leite, os sintomas (como fezes líquidas, sangue nas fezes, recusa à comida, irritabilidade e/ou cólicas) aparecem horas a dias mais tarde;
- Na intolerância à lactose, o organismo tem dificuldade em digerir o leite, portanto, os sintomas (dor de estômago, diarreia, gases) logo a seguir à ingestão.
Como a alergia ao leite é diagnosticada?
Se suspeita que o seu bebê é APLV, o primeiro passo é consultar o/a pediatra. O médico começará por fazer perguntas para compreender o contexto da suspeita e as reações do bebê.
Depois de examinar seu bebê, o médico poderá pedir alguns testes às fezes e análises sanguíneas, bem como poderá encaminhá-la para um alergologista (médico especializado no tratamento de alergias).
O alergologista, geralmente, recomenda testes cutâneos (à pele). Nos testes cutâneos, o médico ou a enfermeira colocará um pouco de proteína do leite sobre a pele e, depois, fará um pequeno arranhão na pele do bebê. Se o seu filho reagir ao alergênico, a pele irá inchar um ligeiramente nessa zona, como uma picada de inseto.
Caso o alergologista descubra que seu bebê está em risco de uma reação alérgica grave, serão prescritos autoinjetores de epinefrina.
Cuidados na Introdução Alimentar de Bebês APLV
Se seu bebê foi diagnosticado com alergia à proteína do leite de vaca, é preciso ter alguns cuidados na hora de iniciar a introdução alimentar. Idealmente, se for possível, mantenha a amamentação em livre demanda em paralelo com a introdução aos alimentos, que deverá ser feita lenta e progressivamente.
Nós já temos um artigo com dicas gerais de introdução alimentar para bebês que também servem para bebês APLV. Recomendo a leitura, mas vou complementar aqui com mais indicações.
É importante que bebês com APLV tenham uma dieta rica em ferro, por isso, alguns alimentos que serão bons aliados nesse processo de introdução alimentar são:
- Lentilhas
- Feijão preto
- Folhas verdes escuras
- Cereais integrais
Outros alimentos que podem ser oferecidos cozidos ou feitos à vapor:
- Cenoura
- Brócolis
- Raízes (inhame, batatinha-salsa, mandioca sem fio)
Mesmo com todas essas dicas, lembre-se que o acompanhamento de um médico especialista é essencial para avaliar caso a caso qual a melhor dieta e abordagem para o desenvolvimento seguro do seu bebê!