Já ouviu falar em Parentalidade Positiva? Quer descobrir o que é? Nesse artigo, vamos apresentar a parentalidade positiva, ver teoria e prática e ajudá-la a descobrir se pode funcionar na sua família.
O que a parentalidade ou a criação dos filhos têm a ver com inteligência emocional e saúde mental? TUDO! Aliás, nunca antes se falou tanto sobre saúde mental como nessas últimas décadas. E as relações familiares ganham cada vez mais a atenção que merece nessas discussões.
Por um lado, mães podem se sentir sufocadas com tantos termos novos: disciplina positiva, criação com apego, comunicação não-violenta, método montessoriano, disciplina positiva… Afinal, apesar do cenário estar mudando lentamente, ainda hoje são as mães as que mais se responsabilizam pela criação dos filhos. E se alguém diz que há um jeito “certo” ou “melhor” de fazer, acabamos sempre voltando para a velha e injusta culpa materna.
Mas não hoje e não aqui, na Vila Materna. Como certamente já sabe, maternidade não é receita de bolo! Mas podemos e devemos usar ao nosso favor todo o conhecimento que a pedagogia, a psicologia e todas as demais áreas do saber têm descoberto.
Não só porque queremos criar filhos melhores para um mundo melhor, mas também porque isso significa uma maternidade mais leve. Enfim, todos ganham! Mas talvez você esteja se perguntando….
O que é “parentalidade”?
A palavra “parentalidade” nomeia a condição de mães e pais. Isto é, tudo o que envolve as funções, tarefas e atividades desenvolvidas pelas pessoas responsáveis (mães, pais, cuidadores) pela criação das crianças.
Está muito mais relacionada aos laços, relações sociais e ao processo de fornecer esse apoio emocional, físico e psicológico do que à ligação sanguínea e biológica de quem concebeu a criança enquanto pai e mãe.
Por isso, podíamos usar “parentalidade” para falar desse cuidar e apoiar das mães e pais adotivos ou até mesmo de uma “parentalidade” de um casal de avós que criam os netos na ausência dos pais, por exemplo.
Resumindo: a parentalidade se refere aos aspectos da criação de uma ou mais crianças, muito além da relação biológica.
Parentalidade é a mesma coisa que Paternidade? E a Maternidade?
Não. São coisas relacionadas, mas diferentes. Quero que você imagine um círculo grande. Imaginou? Esse círculo é a parentalidade. Dentro desse círculo grande, imagine outros dois círculos menores: um é a maternidade, outro é a paternidade. Ou seja, paternidade e maternidade são parte da parentalidade, mas não são A parentalidade.
“Maternidade” se refere apenas à relação entre mãe e criança, enquanto a paternidade é a relação entre pais e filhos. Já a parentalidade se refere a ambos os responsáveis nesse processo de criar e cuidar. Portanto, quando falamos de parentalidade, falamos da relação do todo.
Diferentes famílias, diferentes parentalidades
Cada mãe exerce a sua maternidade de forma diferente. Cada pai exerce a sua paternidade de forma diferente. E a família, junta, exerce uma parentalidade que certamente é diferente de todas as outras.
Muitas coisas vão influenciar a nossa parentalidade: a cultura, os nossos valores, as nossas crenças, a visão de mundo, a educação dos responsáveis, até mesmo o espaço onde vivem. E tudo isso irá informar a nossa maneira de educar nossos filhos, reagir às situações difíceis (que, convenhamos, é basicamente todo o processo de aprender a ser mãe e pai).
É também verdade que muitas das nossas referências são os nossos próprios pais ou cuidadores de quando éramos crianças: para o bem ou para o mal, são eles os nossos modelos de como nos relacionar enquanto mães e pais, na parentalidade, e se queremos ou não nos espelhar e refletir aquele modo de educar.
Mas nós não somos os nossos pais nem somos nossos antigos educadores. Nós somos pessoas completamente diferentes e podemos ter uma parentalidade diferente, caminhando cada vez mais para uma criação mais positiva, mesmo que a sua já tenha sido boa!
O que é a parentalidade positiva?
A parentalidade positiva está enraizada no trabalho do psicólogo Alfred Adler. Ele acreditava que as crianças têm uma necessidade física real de desenvolverem laços com as pessoas ao seu redor.
Alfred Adler apontou que, quando as crianças estão em um ambiente responsivo e interativo, elas se desenvolvem melhor e são menos propensas a brincar. Aqui está também, como já deve ter percebido, a raiz da proposta de “criação com apego”.
Os benefícios duradouros da Parentalidade Positiva
Durante muito tempo (e ainda hoje persiste), a ideia dominante era de que o autoritarismo e as “rédeas curtas” eram a melhor maneira de melhorar o comportamento da criança. Surra para corrigir, “eu que mando” para educar. E “se achar ruim, a porta da rua é serventia da casa”.
A verdade, se pensarmos bem, é que as nossas últimas gerações não são propriamente conhecidas pela excelente saúde mental, não é mesmo? Não é para menos que continuamos a procurar formas de parentalidade positiva, de criação com apego e comunicação não-violenta. E lembrar por quê essas propostas vêm das áreas de psicologia, pedagogia e medicina, que têm visto os tristes efeitos da educação violenta (ou “parentalidade negativa”).
Pouco a pouco, os pais começam a entender que a parentalidade positiva têm efeitos muito melhores do que a disciplina do autoritarismo. O medo pode fazer obedecer, mas não educa. Queremos que nossos filhos cooperem e entendam a importância desse trabalho coletivo e do bom comportamento, não apenas que se adestrem e aceitem ordens resignados, certo?
Por isso, é importante usar a disciplina positiva e desenvolver boas relações no dia a dia com nossas crianças. A parentalidade positiva na forma de uma orientação amorosa pode encorajar as crianças a desenvolverem autodisciplina, impactando positivamente o comportamento da criança. Isto, por sua vez, os ensinará a amar a si mesmos e a ter melhor saúde mental.
Veja abaixo alguns dos benefícios da parentalidade positiva:
#1 – Relacionamentos mais fortes
Uma das coisas mais importantes que a parentalidade positiva pode trazer é uma relação familiar mais forte. Esse método envolve mostrar reforçar os comportamentos positivos, demonstrando reconhecimento, invés de punir os negativos. Ou seja, focamos no melhor lado de nossos filhos.
As punições podem destruir as relações com os filhos e podem gerar o efeito contrário ao desejado, levando com que reforcem o mau comportamento para desafiar o autoritarismo que percebem como injustiça. Estabelecer limites e reforçar as expectativas através de uma orientação amorosa e não violenta ajuda as crianças a se concentrarem na melhoria do comportamento em vez de simplesmente remoerem a raiva.
#2 – Ajuda a entender melhor os próprios sentimentos
As crianças responderão melhor se você primeiro disser como se sente, pois isso apela à empatia. Comece sempre reafirmando, antes de tudo, a conexão. Por exemplo, se você quiser que seu filho pratique mais a caligrafia, diga antes, com sinceridade, como ele fez uma caligrafia tão bonita e cuidada da outra vez.
Da mesma forma, antes de falar sobre uma situação de perigo, diga a seu filho como você está aliviada porque ele está bem. E depois passe para a disciplina. Assim, ele vai entender como aquele comportamento fez você se sentir e não repetirá esse comportamento.
Adultos equilibrados emocionalmente ensinam crianças a serem emocionalmente equilibradas também, o que é um fator importante para o desenvolvimento infantil e da inteligência emocional.
#3 – Menos quedas de braço e maus comportamentos
Um benefício muito importante da educação positiva é que ela ajuda a reduzir as famosas “quedas de braços”, quando a criança disputa conosco quem é que tem mais “poder”. O castigo reforça a vergonha e a humilhação, fazendo com que nossos filhos se sintam mal com eles próprios, o que muitas vezes reforça o mau comportamento.
Além disso, os castigos também podem minar o seu relacionamento com a criança. Não só porque aumenta a disputa de poder, as quedas de braço, mas também porque estabelecem uma quebra de confiança e de igualdade entre vocês, que é algo decisivo para a cooperação.
Como mãe ou pai, sabemos que é muito importante estabelecer limites. Não é uma questão de autoritarismo, mas são mesmo fundamentais: a criança está aprendendo sobre as regras de convivência em sociedade, sobre o que é certo e errado, o que é aceito e o que não é. Os limites ajudam a criança a se orientar nesse mundo novo. Porém, é importante estabelecer limites com empatia.
A empatia é crucial no momento de estabelecer os limites e é especialmente importante em situações que podem causar danos físicos. Lembre-se de que as crianças aprendem nessas situações como devem tratar os outros, incluindo você, e elas crescerão e aplicarão o que aprenderam. Se você for dura ou duro com elas, elas aprenderão a ser duras consigo mesmas e com os demais. Assim, o ciclo nunca se quebra.
Estabelecer limites firmes e adequados ensinará seus filhos a estabelecerem limites firmes em seu próprio comportamento, para a vida toda.
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