Amamentar é natural, mas sobretudo é uma habilidade que precisa ser aprendida. E, como muitas mães acabam por descobrir, pode ser mais difícil do que pôr a criança no mundo. Por isso, faz sentido que muitas recém mães busquem ajuda com pessoas mais experientes quando têm dúvidas ou preocupações. Mas que pessoas?
Pessoas diferentes, com diferentes experiências, podem dar conselhos conflitantes. Da sogra que diz “dei suquinho na mamadeira e não morreu”, o pediatra que tenta dar fórmula desde a primeira semana de vida até a amiga do “fórmula nem por cima do meu cadáver”, isso pode fazer você se sentir ainda menos segura que antes.
Por isso, nada melhor que receber dicas de amamentação diretamente de uma Consultora de Aleitamento Materno!
A luta pela amamentação no Brasil
No Brasil, menos da metade dos bebês de até 6 meses são amamentados exclusivamente por leite materno. 52% dos bebês de até 1 ano ainda são amamentados e apenas 35% são amamentados até os 2 anos de idade. Isso porque os índices aumentaram consideravelmente nos últimos anos! Os dados são da instituição Fiocruz e do Governo Federal.
Vale lembrar que a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de amamentar o bebê em regime de aleitamento materno exclusivo e em livre demanda durante os 6 primeiros meses de vida e continuar amamentando, em regime não-exclusivo, até pelo menos 2 anos de idade.
Isto é, mesmo melhorando ainda não estamos bem. Os motivos são muitos, mas os principais sem sombra de dúvidas são:
- Licença-maternidade insuficiente e pouco respeitada pelas empresas;
- Falta de apoio no trabalho e falta de estruturas que permitam amamentar;
- Influência política e econômica da indústria do leite artificial e alimentos artificiais para bebês junto aos pediatras e às instituições escolares;
- Falta de exemplo nos círculos próximos, uma vez que as gerações de mulheres anteriores foram desestimuladas a amamentar e incentivadas a suplementar o aleitamento cada vez mais cedo;
As dicas abaixo são da profissional Anne O’Connor, Consultora em Aleitamento Materno certificada pelo Conselho Internacional de Lactação, e vão te ajudar a passar pelos altos e baixos da amamentação!
1. Encontre uma posição para amamentar que seja confortável
Geralmente, as mães apenas são instruídas a amamentar sentadas com o bebê no colo (a chamada posição de berço ou a posição do jogador de futebol americano). Mas essa posição não é a única e até pode não funcionar para todo mundo, em especial para mães que passaram por uma cesárea e podem estar com a área do abdômen sensível.
“Sinceramente, acho que focam muito em tentar ‘dominar’ uma posição específica para amamentar”, diz Anne. “A melhor posição para uma mãe amamentar é aquela em que ela se sente confortável, não se sente presa e em que seu bebê está bem pertinho. Temos tamanhos e formas diferentes, por isso não existe um jeito único que sirva para todas”.
2. Na dúvida, barriga com barriga é sempre uma boa ideia
“O mais importante na hora de encontrar uma posição para amamentar é que tanto a mãe quanto o bebê estejam confortáveis e que o bebê esteja respirando bem e conseguindo obter leite do peito”, diz a consultora. Mas ela tem uma boa dica se você estiver tentando encontrar uma boa posição. “Gosto de dizer para as mães imaginarem que tem um velcro na barriga dela e na barriga do bebê, que eles estão presos juntos pela barriga”.
A posição barriga com barriga, especialmente se puder estar com contato pele a pele, pode ajudar a estimular os reflexos mamíferos do bebê e facilitar a amamentação.
3. Se o bebê pular uma mamada, aproveite para ordenhar leite
Se o seu bebê pular uma mamada porque está dormindo ou se você decidir dormir também, Anne diz que “é muito importante que o leite seja ordenhado, seja manualmente ou com uso de uma bomba”. Isso não só ajudará a evitar o ingurgitamento das mamas, como também manterá seu fornecimento de leite regulado.
4. Boca bem aberta para fazer a pega correta
Conseguir a pega correta é essencial para o sucesso da amamentação, e a consultora de aleitamento tem uma dica bastante simples para garantir que seu bebê pegue corretamente: “Coloque o bebê bem pertinho do mamilo, para que ele sinta o cheiro do leite e abra bem a boca“, diz ela. A pega correta ajuda a prevenir mamilos rachados e feridas.
5. Não deixe o bebê ficar pendurado no mamilo
Almofadas de amamentação podem ser grandes aliadas das mães lactantes, mas também podem causar dores nos mamilos se forem mal utilizadas. “Muitas mães deitam os bebês nas almofadas de amamentação e deixam que fiquem pendurados no peito, o que eventualmente causa dor nos mamilos“, diz Anne O’Connor. “A boca precisa estar muito bem aberta para uma amamentação eficaz e confortável e uma boa pega e uma boa posição podem ajudar a evitar mamilos doloridos e rachados“.
6. Quanto mais amamentar, mais leite o corpo produz
“Se seu bebê mama bem e em boas quantidades, a melhor maneira de aumentar seu suprimento de leite é amamentar bastante“, diz a consultora. “Quanto mais seu bebê mamar, mais leite seu corpo produzirá para atender às necessidades do bebê”. Oferta e demanda também funciona aqui.
7. As bombas de amamentação não são todas iguais
“Se não tiver seu bebê por perto ou tiver pausas longas entre mamadas, você pode bombear ou ordenhar o leite”, diz O’Connor. “Mas nem todas as bombas são iguais. Uma bomba extratora hospitalar é melhor para aumentar a produção de leite”.
8. Escolha bem os seus sutiãs
A dor de ter um duto obstruído ou desenvolver uma mastite, uma infecção que acontece no tecido mamário, não é nada engraçada e pode ser incrivelmente dolorosa. Anne O’Connor sugere que as mães evitem usar sutiãs quando estiverem na cama e definitivamente evite sutiãs com hastes de ferro ou que estejam muito apertados para diminuir o risco de acabar com um duto obstruído ou uma infecção mamária.
9. Amamente até esvaziar o seio, um de cada vez
É importante deixar o leite fluir dos seios para evitar qualquer inchaço ou ingurgitamento. Por isso, a consultora de aleitamento recomenda que não se preocupe com o período das mamadas. Deixe o leite fluir enquanto seu bebê quiser mamar. Ao esvaziar um seio, ofereça o outro. Se o bebê já estiver cheio, ofereça o seio que não foi esvaziado na próxima mamada.
10. Não cronometre as mamadas
“Os primeiros dias de vida da minha filha são um borrão na minha mente, mas lembro de um dia em especial em que passei 18 horas maratonando a Netflix enquanto ela estava presa ao meu peito”, diz Anne. Aparentemente, isto é totalmente normal.
“As barrigas dos bebês são minúsculas quando nascem e eles precisam de muitas mamadas curtas em vez de poucas mamadas grandes“, diz O’Connor. “Os bebês também nascem com um forte reflexo de sucção, o que pode ser confuso para os novos pais que acham que um bebê deve terminar de mamar depois de um par de minutos“.
Por fim, lembre-se que mamar, para os bebês, é muito mais que saciar a fome. É conforto emocional e segurança e, para a mãe, é um momento único para criar laços. Não é normal sentir dor ao amamentar, por isso, se você sente os mamilos doloridos ao amamentar seu bebê, procure um Banco de Leite ou ajuda de uma Consultora de Amamentação!
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