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O parto pode deixar uma mulher “frouxa” ou “larga”? É mito ou existe mesmo o risco de ficar com flacidez vaginal depois de um parto normal? E como evitar? Descubra agora no nosso texto!

parto domiciliar na água

O medo de ficar "larga" após o parto

Um dos maiores mitos do parto normal é o de que a mulher vai ficar “larga” ou “frouxa” após o parto normal. Essa falácia persegue e assombra muitas mulheres. Afinal, não é por ser uma questão estética que não nos afeta. Muito pelo contrário, mexe profundamente com a nossa autoestima e não devemos ignorar o impacto disso na nossa saúde mental, em como nos sentimos e cuidamos de nós.

 

Se você está lendo este texto, provavelmente está preocupada com como a sua vulva pode ficar após o parto normal e se isso pode afetar a sua vida sexual. Antes de mais, saiba que é normal se sentir assim, afinal, somos bombardeadas com esses mitos desde sempre e as representações que recebemos todos os dias da mídia em geral (novelas, filmes, propagandas, revistas, etc) é que mulheres devem ser sempre jovens e maravilhosas como uma boneca plástica blindada ao passar do tempo (e à biologia, aparentemente).

 

A verdade é que o canal vaginal é um músculo incrivelmente elástico e resistente. Durante o parto normal, esse músculo se expande para permitir a passagem do bebê e, posteriormente, tem a capacidade de se contrair e retrair. Portanto, a ideia de que o parto normal inevitavelmente resulta em danos permanentes não passa de um mito.

 

Neste texto, vamos falar sobre como funciona a fisiologia do parto e explicar por quê não é preciso se preocupar com “ficar frouxa” depois do parto normal. Também vamos explicar que tipo de eventos durante o parto podem realmente causar flacidez vaginal ou diminuir o tônus muscular nessa região e como você pode evitar isso!

Entendendo a fisiologia do parto

Durante o parto normal, o canal vaginal passa por um processo incrível de adaptação, onde os músculos se contraem e dilatam para permitir a passagem do bebê. Essa transformação é coordenada pelo sistema neuromuscular e hormonal, envolvendo a atuação de músculos do assoalho pélvico e outros tecidos conectivos.


Ao iniciar o trabalho de parto, seu corpo libera ocitocina, o “hormônio do amor”, quer vai desencadear contrações uterinas. Essas contrações são essenciais para dilatar o colo do útero, permitindo que a cabeça do bebê passe pelo canal vaginal. À medida que o bebê se move pelo canal vaginal, os músculos dilatam e os tecidos se esticam para permitir a passagem do bebê. Esse processo é chamado de dilatação cervical.

 

A dilatação cervical é um processo gradual que pode levar de várias horas e até alguns dias em alguns casos. No início, a abertura do colo do útero é muito pequena, como a ponta de um dedo. Conforme o trabalho de parto avança, a abertura vai ficando maior, até atingir 10 centímetros.

É o parto normal que causa flacidez vaginal?

A flacidez vaginal é uma condição na qual a vagina fica mais frouxa do que o normal. Essa condição pode ser causada por vários fatores, incluindo má assistência no parto normal, menopausa, envelhecimento e obesidade.

 

É importante esclarecer que, por si só, o movimento de contração e dilatação durante o parto normal não é um fator que causa flacidez permanente ou “deixar frouxa”. A preocupação com a flacidez vaginal muitas vezes está enraizada em mitos e desconhecimento sobre a anatomia feminina. 

 

Os músculos do assoalho pélvico são projetados para suportar esse peso e têm uma capacidade incrível de recuperação. Após o parto, esses músculos começam a se contrair novamente, retornando ao seu estado original ou a um estado tonificado. O processo de recuperação varia de mulher para mulher, e fatores como genética, cuidados pós-parto e atividade física desempenham um papel crucial.

Má assistência, violência obstétrica e flacidez vaginal

Como dito anteriormente, não é o parto normal em si que pode “deixar frouxa” ou “mais aberta”, vamos dar nome aos bois: é a má assistência e a violência obstétrica que podem causar flacidez vaginal no pós-parto.

 

Infelizmente, no Brasil e no mundo, muitas maternidades aplicam como prática de rotina procedimentos que são declarados como violência obstétrica pela Organização Mundial de Saúde e que podem ter um impacto muito negativo no tônus muscular da vagina. Essas práticas e violências podem danificar os tecidos do assoalho pélvico, contribuindo para a flacidez e causando desconforto no pós-parto.

 

Vamos explorar alguns desses aspectos que merecem nossa atenção crítica!

Puxos Dirigidos

Puxo dirigido é quando alguns profissionais da equipe médica orienta a parturiente a fazer força e empurrar durante o parto. Muitas mulheres não sabem, mas o corpo empurra naturalmente, sem que tenhamos que forçar. E o ato de fazer essa força e empurrar “fora do tempo”, quando o corpo não está empurrando “sozinho” e naturalmente, é o que pode causar lacerações e danificar o assoalho pélvico.

Manobra de Kristeller

A Manobra de Kristeller é quando o profissional de saúde coloca as mãos na parte superior do útero, aplicando uma pressão firme e contínua para baixo, na direção do canal de parto para empurrar o bebê e apressar o processo de parto.

 

A manobra de Kristeller é uma prática arcaica e desencorajada pela Organização Mundial de Saúde e várias outras organizações de renome na área da saúde e obstetrícia, pois a pressão exercida pode causar lesão muscular, flacidez vaginal, hemorragia e apresenta vários riscos tanto para a mãe como para o bebê.

Episiotomia

Também conhecido como “pic”, episiotomia é um corte feito com bisturi entre o ânus e o períneo de modo a “aumentar” a área de passagem do canal vaginal para o bebê. A episiotomia era (e infelizmente ainda é) uma prática de rotina, mas pesquisadores as evidências científicas mais atuais colocam em causa a sua necessidade e eficácia. Ou seja, não há evidências científicas dos benefícios e eficácia da episiotomia. A episiotomia pode contribuir para a flacidez vaginal, causando danos ao tecido e enfraquecendo o assoalho pélvico.

Lacerações

Ao contrário da episiotomia, que é um corte cirúrgico impingido, as lacerações são “rasgos” espontâneos que acontecem no tecido devido à pressão ou força em excesso colocada sobre o tecido muscular. Puxos dirigidos, manobras de Kristeller e a posição litotômica (deitada) estão entre os fatores mais comuns por trás das causas das lacerações nas parturientes (ou seja, má assistência novamente).

 

Enquanto algumas lacerações podem ser tão pequenas que dispensam sutura e se corrigem sozinhas, as lacerações mais graves podem danificar o assoalho pélvico, causando perda do tônus muscular e provocando flacidez vaginal.

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Como prevenir lacerações no parto e flacidez vaginal no pós-parto

Prevenir lacerações no parto e reduzir o risco de flacidez vaginal no pós-parto envolve uma combinação de cuidados pré-natais, práticas durante o trabalho de parto e atenção ao corpo durante o período pós-parto. Aqui estão algumas dicas para ajudar a minimizar esses riscos:

 


1. Fortalecendo o assoalho pélvico na gestação

  • Faça exercícios de Kegel regularmente durante a gravidez para fortalecer os músculos do assoalho pélvico. São fáceis e podem ser feitos em casa. Para fazer os exercícios de Kegel, contraia os músculos que você usa para parar o fluxo de urina. Mantenha a contração por alguns segundos e depois relaxe. Repita o exercício várias vezes ao dia.

  • Considere praticar yoga ou pilates pré-natal, ambos ajudam a fortalecer os músculos e melhorar a flexibilidade.


2. Massagem no períneo

A massagem perineal é uma técnica que envolve o toque suave e a manipulação dos tecidos na região do períneo, que é a área entre a vagina e o ânus. O objetivo principal é aumentar a elasticidade e a flexibilidade dos tecidos perineais, reduzindo assim o risco de lacerações durante o parto. A massagem pode ser feita a partir do terceiro trimestre da gestação e deve ser realizada com delicadeza. Se possível, discuta essa técnica com seu profissional de saúde.


3. Dê prioridade às posições mais verticalizadas

Experimente diferentes posições durante o trabalho de parto, como ficar de cócoras, ficar de quatro ou mesmo ficar em pé, dependendo do que funcionar melhor para você e deixá-la mais confortável no momento do parto. Isso pode permitir uma abertura mais natural da pélvis, reduzindo a pressão na área perineal. A posição litotômica (deitada), embora tenha se popularizado e muitas mulheres nem sequer conheçam outra referência para o parto, é a pior para as lacerações. Afinal, estamos parindo contra a gravidade!


4. Evitar Manobras Invasivas Desnecessárias

Converse com seu/sua médico/a ou parteira sobre intervenções como a Manobra de Kristeller e a episiotomia. Inclua também suas preferências sobre essas práticas no seu plano de parto e discuta o plano com a sua equipe para ter certeza que todos estão informados sobre as suas decisões e consentimento.


5. Hidratação e dieta saudável durante a gravidez

Mantenha-se hidratada para garantir que os tecidos se mantenham elásticos. Uma dieta rica em nutrientes, incluindo vitaminas e minerais, pode contribuir para a saúde da pele e dos tecidos. Se não se sente confortável quando o tema é nutrição, dê uma olhada no nosso artigo sobre nutrição na gravidez.


6. Atenção nos cuidados Pós-Parto

Após o parto, siga as orientações de cuidados pós-parto fornecidas pelos profissionais de saúde.
Se sentir desconforto nas partes íntimas (o que acontece quase sempre), utilize compressas frias ou mornas para aliviar o desconforto e promover a cicatrização. Evite também carregar muito peso ou praticar atividades físicas de intensidade alta ou moderada, dando tempo para o seu corpo se recuperar da carga do parto.

 

7. Faça fisioterapia pélvica pós-parto

Considere consultar com uma fisioterapeuta especializada em saúde pélvica durante o pós-parto se sentir que seu assoalho pélvico ficou machucado após o parto. Uma fisioterapeuta especializada poderá recomendar exercícios personalizados e técnicas de recuperação específicas para o seu caso e adaptadas para o período pós-parto.

 


Lembre-se que cada gravidez é única e é fundamental discutir essas dicas com seu profissional de saúde para garantir que sejam adaptadas às suas necessidades individuais. A comunicação aberta e transparente com a equipe de cuidados pré-natais é crucial para garantir uma experiência de parto saudável e positiva.

Como saber se fiquei frouxa depois do parto?

Não existe um teste específico para saber se você ficou com flacidez vaginal após parir. A melhor maneira de avaliar a sua condição é consultar um médico ou uma fisioterapeuta pélvica. O médico ou a fisioterapeuta pode fazer um exame físico para avaliar a elasticidade dos músculos do assoalho pélvico. Também podem perguntar sobre a sua experiência sexual e se você sente alguma dor ou desconforto durante as relações sexuais.

Aceitando e amando seu corpo após o parto

  • Concentre-se nas coisas boas. Pense em todas as coisas maravilhosas que seu corpo fez. Ele carregou e deu à luz um bebê!
  • Faça exercícios para o assoalho pélvico. Os exercícios para o assoalho pélvico podem ajudar a fortalecer os músculos da vagina e reduzir a flacidez.
  • Procure ajuda profissional. Se você está preocupada com a sua aparência, converse com um médico ou uma fisioterapeuta pélvica.
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