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Já ouviu falar de Doulas de Parto? E de doulas de pós-parto? Doulas de luto? Não? Então vem descobrir agora — em primeira mão, por uma doula de parto e pós-parto.

 

A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o acompanhamento de uma doula para que mulheres tenham uma melhor experiência de parto; no mesmo encalço, há outras instituições renomadas nacionais, como a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), que também apoiam a atuação de Doulas.

 

Se está grávida ou planeja engravidar, leia até o final para descobrir o que são, o que fazem, quais os benefícios, quanto cobram e como achar uma doula para ser sua fiel escudeira nessa jornada!

 

O que é uma doula?

Doula é a profissional que dá apoio físico, emocional e informacional à mulher gestante antes, durante e após o parto. Ela é uma assistente de parto cujo foco e máxima preocupação é a mulher que dá a luz e o seu bem-estar.

 

A premissa da função da Doula é que ao apoiar a mulher gestante e parturiente, não só essa mulher terá uma experiência mais positiva de parto e se sentirá mais preparada e fortalecida para passar pelo tipo de parto que escolheu, como também terá um pós-parto mais leve pela experiência vivida.

 

Doulas de Parto na História

 

A figura da mulher que assiste e apoia outras mulheres no parto é muito antiga e está presente em muitas culturas, do Ocidente ao Oriente. Inclusive, essa figura é representada em pinturas, gravuras e esculturas de diferentes países, como em templos do Antigo Egito, Grécia ou tapeçarias na Índia.

 

Embora a palavra “doula” seja recente, tendo sido cunhada pela primeira vez por uma antropóloga chamada Dana Raphael na década de 70, a origem do termo remonta ao grego “dúle” (δούλη), que era a palavra utilizado para descrever uma “serva” — não muito romântico, na verdade, considerando que a “serva” era nada mais nada menos que uma mulher escrava.

 

A gestação, o parto e pós-parto foram, historicamente, “domínio” das mulheres. Devidamente, é claro, considerando que somos nós aquelas que gestam e dão à luz, portanto, nada mais natural.

 

Contudo, com a institucionalização da medicina, do saber médico, e conforme o parto se movia mais e mais para longe da esfera doméstica e em direção a um evento hospitalar, todo esse universo se tornou um domínio de homens.

 

Como mulheres foram formalmente proibidas de estudar e exercer a medicina durante décadas e décadas após o período das colonizações, isso deu lugar à crescente masculinização do saber e institucionalização do parto, e a figura da doula foi desaparecendo das culturas e do radar das mulheres.

 

O que faz uma doula?

Podemos começar pelo que não faz uma doula: a doula não “faz” o parto, não aplica injeções ou administra medicação, nem substitui o ou a acompanhante da gestante.

 

Enquanto a parteira ou obstetra/obstetriz foca na assistência ao parto, o evento do nascimento e os procedimentos nele envolvidos, a doula está focada no apoio à mulher, na sua experiência na gestação, parto e pós-parto.

 

Diferentemente do acompanhante (que pode ser uma amiga, familiar, parceiro/a), a doula é uma pessoa com formação específica para fazer esse acompanhamento, com base nas mais recentes evidências científicas, de modo que a mulher tenha a melhor experiência possível.

 

Para entender melhor as diferenças, pode ler nosso artigo sobre Diferença entre Doula, Parteira e Educadora Perinatal.

 

Para atuar acompanhando gestantes no parto, devem passar por um curso de doula com carga horária mínima de 80h, componente prática, avaliado por profissionais capacitadas e com certificado reconhecido pelo Ministério da Educação.

 

A doula de parto pode:

  • Acompanhar a gestação informando a gestante sobre como acontece o parto, tirando dúvidas e ajudando a compreender o processo e procedimentos comuns no parto;

  • Com informações para providenciar escolhas informadas, a doula pode ajudar a gestante construir o seu Plano de Parto.

  • Acompanhar o trabalho de parto e parto, seja parto domiciliar ou hospitalar, dando apoio físico (como, por exemplo, massagens para aliviar a dor, movimentos para ajudar na dilatação e evolução do parto), bem como apoio emocional e psicológico.

  • Acompanhar e oferecer cuidados no pós-parto, dando dicas para uma rápida recuperação, ajudando com informação e boas práticas sobre os primeiros cuidados com o corpo e com o bebê, apoiando a mãe nos primeiros dias.

Além disso, a doula também pode ajudar com preparativos mais voltados para a vivência e o suporte emocional. Por exemplo, muitas doulas organizam Chá de Bençãos para Gestantes, como uma espécie de “despedida da barriga”, ou fazem Carimbo de Placenta para deixar de presente como recordação do parto.

 

Que tipo de doulas existem?

Em geral, a maioria das doulas são doulas de parto ou doulas de pós-parto.

  • Doula de parto: presta apoio durante o trabalho de parto e parto, podendo acompanhar desde a gestação ou apenas no momento do nascimento;

  • Doula de pós-parto: presta apoio após o parto, para ajudar a mãe a compreender e adaptar na nova rotina, aprender os primeiros cuidados com bebê e amamentação, etc;

 

Em alguns países onde o aborto é legal, pode-se encontrar também as chamadas “Doulas de aborto” ou “doulas de luto”. Elas ajudam a mulher a passar pela interrupção não-desejada ou não-planejada de uma gestação, lidar com o processo de luto e provendo apoio emocional/físico/psicológico. No Brasil, é mais difícil encontrar, mas já começam a aparecer (como essa iniciativa aqui Doulas do Luto)

 

Benefícios de ter uma doula

Segundo um estudo realizado com mais de 15.000 mulheres, o suporte contínuo de uma doula traz grandes benefícios para a mãe e, consequentemente, também para o bebê, como por exemplo:

  • Redução de 10% na necessidade de anestesia ou analgesia;

  • Redução de 7% no uso de anestesia regional (raquidiana ou peridural);

  • Redução de 10% no uso de forceps ou extrator a vácuo;

  • Redução de 21% na possibilidade e risco de cesárea;

  • Redução de 30% no número de bebês com baixo índice de Apgar;

  • Redução de 30% no número de mulheres que expressaram sentimentos negativos relativamente à experiência de parto;

 

Onde encontrar uma doula?

Em geral, é muito fácil encontrar doulas nos grupos regionais de Facebook voltados para gestantes e parto humanizado, como também no Instagram. Porém, alternativamente, também pode procurar no site QueroUmaDoula.com.br.

 

Como ser Doula?

Se você, na verdade, não está à procura de uma doula, mas sim de se tornar doula de parto, pode dar uma olhada nesse outro artigo Como ser Doula, onde explico quem pode se tornar doula, como fazer e quais as perspectivas de atuação.

 

Quanto cobra uma doula?

No Brasil, já existem algumas maternidades que possuem doulas em seu quadro de pessoal ou disponibilizem algum projeto de Doulas Comunitária. Um exemplo é o Hospital da Mulher Dra. Nise da SIlveira, em Maceió, primeiro hospital no Brasil a incluir doulas no seu quadro de funcionários; e também o hospital público Sofia Feldman.

 

Infelizmente, dadas as proporções gigantes do território brasileiro e a má vontade de alguns setores (agora já falei…), essa realidade ainda não está ao alcance da maioria das mulheres. Por isso, o mais comum é contratar uma doula de maneira particular.

 

Relativamente ao custo de contratar uma doula particular, não há um “valor fixo”. É difícil oferecer uma estimativa sobre os valores, uma vez que isso depende do acompanhamento oferecido (por exemplo, se incluem visitas antes ou após o parto, quantas visitas ou se apenas acompanham o trabalho de parto e parto), bem como do custo de vida de cada região. Nós temos um artigo sobre Quanto Ganha uma Doula, onde você pode ver uma média da faixa salarial e do valor praticado em diferentes regiões.

 

O melhor a se fazer, nesse caso, é falar diretamente com diversas doulas na sua região para avaliar diferentes “pacotes” de serviço, mas principalmente: avaliar se “o santo bate”!

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